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Declaração e respostas a perguntas dos órgãos de comunicação social do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Serguei Lavrov, durante a conferência de imprensa sobre os resultados da diplomacia russa em 2024, Moscovo, 14 de janeiro de 2025

Distintas senhoras e senhores,

Gostaria de felicitar todos os presentes pela chegada do Ano Novo e desejar um Feliz Natal a todos os que celebram o Natal. A todos aqueles que, nestes dias, como sempre, tratam a vida com bom humor, gostaria de lhes dar os parabéns pela chegada do Velho Ano-Novo que ontem chegou e que, com certeza, também trouxe muitos acontecimentos alegres juntamente com a “prosa da vida”, da qual não há como escapar e sobre a qual falaremos principalmente hoje.

As principais avaliações da situação internacional criada nos últimos anos, das nossas ações, da nossa política e dos objetivos do nosso trabalho no cenário internacional foram expostas em pormenor pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante a sua grande conferência de imprensa de 19 de dezembro de 2024. Antes disso, abordara regularmente questões internacionais noutros discursos, incluindo no Clube de Discussão Valdai e noutras ocasiões. Não me deterei em pormenores sobre os acontecimentos que marcaram a vida internacional e constituíram a essência do nosso trabalho e das nossas iniciativas.

Permitam-me recordar, temos vindo a dizer há muito tempo que a atual fase histórica é um período (talvez uma época) de confronto entre aqueles que defendem os princípios fundamentais do direito internacional (e a ordem estabelecida após a Vitória sobre o nazismo e o militarismo japonês na Segunda Guerra Mundial) consagrados e destacados no mais significativo documento jurídico internacional (refiro-me à Carta das Nações Unidas), e aqueles que já não estão satisfeitos com esta Carta, que, após o fim da Guerra Fria, decidiram que a "obra estava feita", que o principal concorrente - a União Soviética  - e o campo socialista estavam "esmagados" para sempre. Decidiram que, a partir de então, não seria a Carta das Nações Unidas a orientá-los, mas sim os desejos do "Ocidente político", que inclui os aliados asiáticos dos Estados Unidos (Japão, Austrália, Nova Zelândia e Coreia do Sul). A estes chamamos "Ocidente político", "Ocidente coletivo". Sentindo que tinham "vencido" a Guerra Fria, decidiram que, a partir de então, não era necessária qualquer coordenação com um concorrente forte, como a URSS, e que resolveriam todas as questões sozinhos, enquanto o resto do mundo "receberia as ordens de cima", à semelhança da maneira como funcionava o sistema político na União Soviética (Bureau Político, Comité Central do PCUS, Organização Regional do PCUS, Organização Distrital do PCUS, etc.).

Nessa altura, a China ainda não tinha resultados tão impressionantes no desenvolvimento económico e influência política que vemos hoje, pelo que o Ocidente não encontrava grande resistência. O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem afirmado repetidamente, explicando de forma detalhada e convincente as causas por que iniciámos a nossa operação militar especial da Ucrânia, que tivemos de repelir um ataque, uma guerra lançada contra nós pelo "Ocidente coletivo" com o objetivo principal de esmagar o seu concorrente o que a Rússia voltou a ser no cenário internacional. Não vou enumerar estas causas em pormenor. O seu principal objetivo é enfraquecer o nosso país em termos geopolíticos, criando ameaças militares diretas perto das nossas fronteiras, nos nossos territórios ancestrais, que foram traçados, desbravados e desenvolvidos pelos czares russos e seus correligionários, numa tentativa de "minar" o nosso potencial estratégico e de o desvalorizar tanto quanto possível. A segunda causa está também relacionada com a história destas terras. No entanto, neste caso, não se trata das terras, mas das pessoas que viveram nestas terras durante séculos, que as desenvolveram de raiz, construindo cidades, fábricas e portos. Estas pessoas foram simplesmente declaradas “terroristas” pelo regime ucraniano, que chegou ao poder num golpe de Estado ilegal e anticonstitucional. E quando se recusaram a aceitar o regime, o regime lançou uma “ofensiva” total contra tudo o que era russo, que durante séculos foi a essência dos territórios onde as pessoas se recusaram a obedecer aos novos nazis.

Estamos agora a assistir ao auge desta "batalha". Estou certo de que surgirão perguntas sobre este tema, pelo que não entrarei em pormenores. Gostaria de voltar a descrever as principais contradições do atual período histórico, tal como costumávamos dizer nas instituições de ensino da era soviética: entre os que são a favor da multipolaridade, da Carta das Nações Unidas e do princípio da igualdade soberana dos Estados, o que exige que todos os países que a ratificaram não imponham a sua vontade, mas provem a sua justeza e procurem um equilíbrio de interesses, busquem acordos e respeitem todos os outros princípios nela contidos. Estes princípios fornecem um quadro jurídico internacional para um sistema justo comumente referido como sistema de Yalta-Potsdam. Muitos analistas, entre os quais os nossos cientistas políticos, consideram-no atualmente uma era ultrapassada. Não concordo inteiramente com esta avaliação. O sentido jurídico internacional do sistema de Yalta-Potsdam não necessita de qualquer “reparação”, existe a Carta das Nações Unidas. É necessário que todos a cumpram. E deve ser cumprida na sua totalidade, e não de forma seletiva como num menu (hoje escolho peixe e amanhã algo mais forte). Além disso, todas as inter-relações entre os princípios da Carta das Nações Unidas foram há muito definidas por unanimidade na Declaração Especial sobre os princípios do direito internacional relativos às relações de amizade e à cooperação entre os Estados, em conformidade com a Carta das Nações Unidas. Ninguém se opôs a isso.

Repito: o outro campo, que hoje se opõe à multipolaridade e ao movimento rumo à multipolaridade, considera que, após o fim da Guerra Fria, pode não observar a Carta da ONU, que tem a sua própria Carta, tentando implantar a sua "Carta Ocidental", que se chama "ordem mundial baseada em regras" (embora ninguém a tenha visto), em todos os mosteiros, mesquitas, templos budistas e sinagogas. É nisso que, na nossa opinião, residem as principais contradições.

O seu desejo de se proclamarem supremos árbitros dos destinos após o fim da Guerra Fria e a desagregação da União Soviética mantém agora uma enorme inércia. Fico surpreendido e um pouco alarmado com esta situação. Porque qualquer político sensato deveria compreender que os tempos mudaram dramaticamente nos últimos 30 a 35 anos. A oposição ao diktat ocidental ressurgiu e não é mais representada pela URSS, mas pelas novas economias emergentes, pelos novos centros financeiros na China, na Índia, na ASEAN, no mundo árabe, na CELAC, pela nova Rússia, juntamente com os seus aliados na UEE, na CEI e na OTSC, pela OCX e os BRICS e muitas outras associações em rápido desenvolvimento e economicamente bem-sucedidas em todas as regiões, países do Sul Global, ou seja, a Maioria Mundial. Já existe uma nova realidade: concorrentes fortes dispostos a competir de forma leal nas áreas de economia, finanças e desporto. No entanto, o Ocidente (pelo menos as suas atuais elites) não consegue ultrapassar a inércia da sua "superioridade total", do "fim da história". Estão a "deslizar" num plano inclinado, tentando "bloquear o caminho" aos concorrentes por todo o lado, incluindo na economia. Hoje, os EUA anunciaram um novo pacote de sanções no domínio dos microchips de inteligência artificial, proibindo, entre outras coisas, a sua exportação para os países membros da NATO e da UE. Estou firmemente convencido de que os EUA não precisam de nenhum concorrente em nenhum domínio, a começar com o setor de energia, onde os EUA, sem qualquer hesitação, dão "permissão" para levar a cabo medidas terroristas para destruir os alicerces da prosperidade energética da UE e "incitam" os seus clientes ucranianos a desativar o Turkish Stream depois do Nord Stream. A rejeição da concorrência leal na economia e a utilização de métodos desleais e agressivos para suprimir os concorrentes manifestam-se na política de sanções, que os EUA e os seus aliados adotaram como base das suas ações no cenário internacional em relação à Rússia e não só. Muitas sanções estão também a ser impostas à China. Como já referi, impõem sanções sem hesitar até mesmo contra os seus aliados assim que tenham o mínimo receio de que estes possam produzir algo mais barato noutro lugar e promover os seus produtos nos mercados internacionais de forma mais eficaz do que os fabricantes norte-americanos.

No desporto, assistimos a uma epopeia contínua de como as competições justas se colocam ao serviço dos interesses de um país que se considera vencedor em todas as áreas.

Se, quando tomar posse como presidente, o Sr. Donald Trump quiser tornar a América ainda mais forte, teremos de ver muito atentamente quais os métodos que serão utilizados para alcançar este objetivo, proclamado pelo Presidente Donald Trump.

Delineei aquilo a que chamamos a principal contradição do momento atual. Encontro-me agora à vossa disposição para perguntas.

Pergunta: Quais são os principais projetos e prioridades da Rússia na América Latina neste ano?

Serguei Lavrov: Consideramos a América Latina como um dos polos poderosos da ordem mundial multipolar emergente. Temos relações alargadas com praticamente todos os países.

Temos relações extensas com os nossos amigos brasileiros, que, para além dos formatos bilaterais, cooperam connosco no âmbito do BRICS, cuja presidência rotativa passou de nós para eles. Trata-se, sem dúvida, de uma vertente promissora. Temos com o Brasil uma agenda bilateral que abrange as áreas económica, técnico-militar e muitas outras.

A nossa embaixada na Argentina está a trabalhar de forma empenhada. Estamos agora a estabelecer relações com o Presidente Javier Milei e a sua equipa, estamos a tentar perceber quais as oportunidades que existem aqui.

Os nossos principais parceiros, amigos e aliados são a Venezuela, Cuba e a Nicarágua. Estamos a acompanhar de perto o que se está a passar na Bolívia devido à campanha eleitoral. Há indícios de que os EUA estão a tentar interferir novamente para dividir as forças progressistas neste país. Não há nada de surpreendente nisso.

Apoiamos ativamente a CELAC. Especialmente depois que, com a chegada do Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, esta organização ganhou um novo impulso, e o Brasil não só começou a participar, como também pretende avançar iniciativas. Incluindo a iniciativa do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, de desenvolver plataformas de pagamento alternativas para diminuir a dependência do abuso do dólar. São medidas sensatas. Mantemos relações com o Mercosul, a UNASUL, o Sistema de Integração Centro-Americana, a ALBA e outros.

A Rússia fez-se representar na cerimónia de tomada de posse do Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro. O nosso Presidente da Duma de Estado, Viatcheslav Volodin, manteve negociações proveitosas com o Presidente venezuelano.

Penso que este ano será muito bom para as nossas relações.

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